Age Of Chaos

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RPG de Fórum que conta o eterno embate no mundo de Tellus entre as 3 Grandes Facções: Os Feiticeiros, Os Templarianos e os Aliancistas.


    = Interlúdio II = O Traidor e o Rei Sol - Parte I = Sob Um Novo Luar =

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    Mensagem por Admin Dom Mar 30, 2014 2:02 am

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    = Sob Um Novo Luar =

    - Eu nunca vi algo parecido... É como se suas consciencias estivessem conectadas a dele. Esses padrões... não sou capaz de desvendá-lo...

    - Então ninguém é. Encontramos junto ao campo de batalha uma última evidência. Ela corrobora as informações trazidas pelas águias batedoras.

    - Me mostre então, não temos tempo a perder.

    As feições de Hankarun e Maelstrom endureciam. O sumiço da 13ª Legião dos Magnum Crusaders havia incitado um sentimento de indignação entre o grupo. Por mais que não fossem membros vitalícios da organização, o pedido urgente de Malinor havia sido atendido por diversos feiticeiros que se preocupavam mais com os problemas que acometiam o mundo em geral do que com os do recluso continente de Balthur. Ele por sua vez havia encontrado seu caminho aquela seleta missão por mero acaso do destino. O sumiço da legião havia os intrigado por semanas, quando finalmente encontraram o descanso final dos mais de dez mil soldados a repulsa tomara conta de todos. Corpos dilacerados sobrepostos e carbonizados. Barricadas exarcadas de sangue fétido e contaminado, a grama acinzentada coberta de piche tornava o solo grudento e dificil de caminhar. "Mortos a mais de um mês" dissera Hankarun, "Mas nenhum sinal de decomposição parece afetar os corpos, nem mesmo os vermes e os carniceiros desejam essa carne". Observara com cuidado aquela cena brutal, o nojo não lhe abandonava, mesmo com tantos anos de carnificina, a aversão que tinha a morte despontava em sua face, e ele não tentava esconde-la. Muitos dos soldados que os acompanhavam choravam, aqueles rostos torturados eram seus amigos, irmãos, maridos, filhos e esposas, eles haviam vivido e lutado juntos, mas não mais, um dezena de milhar de vidas ceifadas... mas como? Era oque tentavam entender, não haviam muitas pistas, mas com dois dias de trabalho pesado de todos os envolvidos haviam encontrado três objetos que pareciam remeter a tragédia, um pergaminho salvo do fogo, envolto por uma grande parcela de terra, provavelmente escondida por um dos soldados; o corpo do líder e comandante da legião Titus Albereich, que de todos os outros era o que demonstrava menos traços de lesões; e um pequeno cristal azulado, que inicialmente parecia apenas uma jóia que se desprendera da arma de algum soldado afortunado, mas que segundo Maelstrom o lembrava um cristal ressonante.

    - Os pergaminhos contam as últimas horas da legião, o soldado que fez o relato provavelmente deveria ser o escrivão do próprio Titus, ele aponta que na noite do terceiro dia do solstício de inverno o batalhão principal foi emboscado nas florestas do sul, o inimigo era desconhecido, e se foi tão rapidamente como chegou, não sem antes eliminar 700 dos 2000 soldados que compunham a coluna. Eu acredito que este ataque tenha sido uma preparação um teste, esse exército rival se aproveitou de sua posição privilegiada para lançar o assalto surpresa e medir a capacidade de preparação dos cruzados. Não para por ai, o relato ainda conta que Titus resolveu acampar em campo aberto para evitar uma nova ameaça, ele acreditou que estavam em maior número e que isso iria inibir tentativas do inimigo. Ele termina acrescentando que o soldados fizeram fortificações, provavelmente as trincheiras que observamos e a bastilha de madeira onde foram encontrados os corpos dos ultimos soldados a morrer e do próprio Titus.

    - Um exército misterioso no norte das montanhas de Magnus, isso não é um trabalho comum Hankarun, dez mil soldados da elite não seriam sobrepujados com tamanha facilidade apenas por números.

    - E não foram. Eu pude observar marcas no solo próximo a floresta, os soldados não foram atacados diretamente em combate físico, seja lá quem cometeu esse crime lançou seu assalto da floresta, na segurança das copas das árvores. Titus trouxe seus homens para morte certa, essa clareira não é proteção, é uma armadilha. Ficaram todos vulneráveis ao ataque, eles foram atingidos por fogo e piche quente, além de um tipo estranho de selo que eu não fui capaz de identificar, que é o responsável pelas tripas e o sangue nos almofadados e trincheiras, os soldados nesses lugares foram explodidos de dentro para fora.

    - Imagino que não tenha sido dificil romper as linhas dos cruzados depois disso, também explica o motivo pelo qual os soldados na bastilha e o próprio Titus foram encontrados com nada mais do que simples lacerações e os golpes fatais que tiraram-lhe a vida.

    - Exatamente. Oque me intriga porém é o cristal ressonante, ele foi encontrado nas mãos de Titus, antes de morrer ele deve ter tentado gravar uma mensagem para quando encontrássemos seu corpo, soubéssemos oque transpareceu aqui. Só você pode acessar os dados nele contidos Maelstrom, por favor, nos mostre oque ele queria que vissemos ou ouvissemos.

    Apesar de atento a conversa, ele não participava nem compartilhava da preocupação dos dois feiticeiros. Assim também não o fazia Tiberius, que desde o momento que haviam encontrado os restos mortais se calara, em um misto de impotência e fúria, sentimentos que não lhe eram muito comuns. Maelstrom começava a examinar o pequeno cristal, lhe parecia muito frágil, como se estivesse prestes a trincar, no entanto era muito resiliente uma vez que o feiticeiro pisava na pedra com força fazendo Hankarun soltar um arquejo de indignação. Maelstrom o erguia com calma, se não tivesse uma mascara provavelmente mostraria um sorriso, o cristal ressoava com a batida do pé dele, começava a entender a natureza do objeto, fazendo-o vibrar na frequência correta, um poderia faze-lo captar os sons ao seu redor, permeando o interior da pedra com estes, e em alguns casos raros onde a vibração alcançaria níves inaudíveis ao corpo humano ele seria capaz de capturar a própria luz que transpassava-o, copiando a imagem de tudo que transcorria ao seu redor. Em sua pressa aparentemente Titus havia alcançado esse último estágio de maneira imperceptível, com um estampido a pedra vibrava mais forte agora em silêncio, ele a observava, de fato podia perceber as ondas sonoras irrompendo pelo seu corpo, enquanto faíscas azuladas transformavam a pequena tenda em que estavam em um salão de proporções maiores, rústico, feito a madeira, um claro improviso. No centro do salão observando as tropas serem dizimadas na escuridão da noite, Titus Albereich colocava as mãos sobre a cabeça enquanto dava as últimas ordens a seus homens.

    "Milorde a esse nível iremos perder todos os soldados no campo, precisamos abrir as portas da bastilha!"

    "É muito tarde para os demais, os semeadores já contaminaram metade da legião com os selos, e logo a outra metade sucumbirá a infecção também, se presam por tudo que seus amigos lutaram não abram essas portas, se morrermos aqui seu sacrifico terá sido em vão! Se afastem das portas isto é uma ordem!"

    Por mais que o ímpeto de ajudar seu companheiros fosse forte, as ordens de seu comandante Titus, fazia com que os soldados, com lágrimas em seus olhos se afastassem da entrada da bastilha. Se alinhavam aos poucos em círculos concêntricos com seu líder no meio, a batalha do lado de fora parecia diminuir, os gritos cessavam mas o som do maquinário pesado do inimigo continuava a entoar uma canção de morte aos sobreviventes. O som do fogo se chocando contra a madeira fazia com que o coração dos homens batesse mais rápido, a madeira trincava, e o calor e a fumaça começavam a invadir a fortaleza. Com pressa Titus realizava sua habilidade padrão, Isolamento de Vácuo, criando uma área de vácuo nos focos de incêndio, extinguindo-os, não era no entanto o bastante para impedir as cinzas. Um baque forte vinha do portão central. Com um estampido alto se quebrava fazendo com que uma nuvem de negrume e cinzas invadisse o aposento, com sua visão dificultada a adrenalina corria solta dentro dos soldados, o próprio Titus começava a duvidar de suas capacidades. Sons de passos eram ouvidos, apenas uma pessoa aparentava se aproximar da bastilhas, apesar de distinguível a natureza do barulho, sua origem não era rastreável. Uma voz dura, forte, imponente ecoava pelo interior danificado da bastilha.

    "Feiticeiros! Vocês estão cercados, os seus exércitos dizimados. Façam as pazes com seu fim agora, pois esta é sua hora final. Mas saibam que eu, General Vektor, não sou completamente sem piedade. Vou conceder-lhes a morte de um guerreiro. Preparem-se!"

    Titus estremecia, desconhecia aquele nome, mas a ideia de um homem só orquestrar aquele ataque, sem falhas, impiedoso e sorrateiro o fazia entrar em devaneio. Por um instante só conseguia ouvir sua respiração, ele sussurrava para si mesmo "Não pode ser... onde estão os demais?" As cinzas baixavam, revelando uma verdade insidiosa, todos seus leais soldados agora jaziam mortos ao seus pés, suas pupilas retorcidas em seus olhos, seus corpos dilacerados, e apenas ele restava em pé. Do lado de fora seu exército todo exterminado, ele ajoelhava-se e chorava em desespero, com um grito potente amaldiçoava os céus, mas não tinha mais tempo, sentia uma mão fria e grudenta de sangue agarrar sua cabeça imobilizando-o e tentando sufocá-lo, o laço do homem era forte e por mais que tentasse atingi-lo escapar era impossível, quando começava a perder a consciência porém, ele o soltava dando um forte chute nas suas costas, e arremessando aos seus pés uma espadas enferrujada, a vontade de viver dentro dele era maior que sua dor, ele agarrava a espada com força e se voltava para o oponente, mas antes que pudesse desferir qualquer ataque era atingido no maxilar por soco duro que deslocava sua mandíbula. A dor era excruciante, fazendo-o se encolher no chão, oque se tornara? Ainda com lágrimas em seus olhos se erguia com dificuldades, para sua surpresa o inimigo não estava em lugar algum, imaginando ser algum tipo de habilidade de distorção de imagem ele sacudia golpes ao ar, percebendo a infantilidade de seus atos resolvia fazer o impensável, derrubar a bastilha inteira sobre os dois. Com fúria renovada corria em direção a uma das vigas corroidas e a golpeava com sua espada cega, antes de desferir o quarto golpe porém sentia um impacto na sua costela esquerda, ela se trincava e um dos ossos perfurava seu baço fazendo com que uma hemorragia interna surgisse, o inimigo estava a sua frente, ele o atacava mas no segundo seguinte, não estava mais lá "SE MOSTRE COVARDE! ONDE VOCÊ ESTÁ!!!", clamava Titus com indignação e desejo por sangue, sentia uma respiração gelada em seu pescoço, ao se virar nada via, o então antigo comandante, um dos maiores cruzados que já haviam vivido se entregava a sua insanidade, "ONDE VOCÊ ESTÁ!!!!!!!! ME MATE!!!!! QUEM É VOCÊ MALDITO!!!! OQUE VOCÊ È MONSTRO!!!!!! ME MATE!!!!", a voz retornava, impávida, e colossal, dessa vez de sua própria mente.

    "Os tambores do conflito são meu coração batendo. O fogo da conquista grassa em minhas veias. Fortes, pulmões respiraram o ar carregado com os inimigos, transformando-os em cinzas. É aqui que eu prospero. Tenho derrubado nações. Tenho matado reis. Tenho assassinado lendas. Meu nome foi temido pelos guerreiros ... e amaldiçoado pelas viúvas. Estou em todos os lugares, sou todas as pessoas, e nesse momento estou dentro de você. Eu sou apenas a luz da lua. Ascenda novamente, pois o seu destino sempre irá segui-lo, sem mais choros, sem feridas e dores, veja o futuro como nunca antes, desvista-se de sua tristeza, deixe todo o passado para trás, é tempo de ser livre Comandante."

    Aos poucos a visão de Titus esmaecia como bem a visão que a pedra mostrava, a sua frente surgia Vektor e com suas mãos nuas atravessava o peito do cruzado segurando seu coração do outro lado da fissura que criava no tórax deste. A visão se apagava conforme a vida do cruzado chegava ao fim, em seus últimos momentos ele observava enquanto o teto da bastilha sucumbia esmagando-o. A face de Hankarun ficava séria, quase estasiado o feiticeiro olhava por longos minutos para Maelstrom, pareciam conhecer aquela figura, se voltavam então para Tiberius e para ele, procurando em suas faces um sinal de consentimento. Sabia bem oque viria a seguir, uma lon ga e demorada explicação a respeito do homem visto nas imagens, se visse aquelas cenas alguns anos antes, imploraria aos dois feiticeiros mais experientes para saber mais a respeito, mas naquele momento apenas uma coisa o preocupava, o homem em questão estava a solta, e por mais que ainda duvidasse de seu papel naquela história estava determinado a vingar a morte dos bons homens que ali pereceram. Dava as costas aos seus mestres de outrora caminhando para fora da cabana, Hankarun o seguia.

    - VELKAN! Onde você pensa que vai?

    - Não me lembro de lhe dever satisfações Hankarun, não sou um de seus soldados, minha presença nessa operação não foi requisitada. Agora me deixe estar.

    - Você não pode pretender enfrentar este homem sozinho, você é o Tulan é seu dever agir com prudência e responsabilidade! Uma maré negra se aproxima apenas juntos poderemos superá-la - Velkan parecia não ouvi-lo, isso fazia com que a face de Hankarun enrubescesse de raiva - Oque aconteceu com você? Do dia para a noite some, e o encontramos perambulando por esse fim de mundo!

    - Foi no dia em que o sol gritou. Foi um momento que me sobrecarregou de dúvida. Nao importava o quanto demorasse nunca seria revelado, a não ser que eu procurasse. Como a chuva, todos meus medos definem quem sou eu, e escutei alto e por muito tempo, em todo lugar, uma musica lendária, enforcada no céu, como uma estrela solitária, presa no crepúsculo ela dançou sozinha, presa nos portões onde a morte pisou, em um sutil vazio espalhado com ela eu vi, todo o caminho que meus olhos nunca poderiam conduzir, e estava próximo, mais perto agora. O poder chegou tão perto de mim, mudando meus sonhos e minhas esperanças. Por apenas um instante e as estrelas queimarão. Se é hora dessa maré voltar, ela trará junto uma tempestade. Uma nova razão trovejando dentro de nós intensamente. Ela está alcançando e você verá, a luz sob um novo luar...

      Data/hora atual: Sáb maio 18, 2024 10:05 pm