Caminhando despercebidamente Mentor percebia seu mundo parar e mudar. Seus olhos embranqueciam e sua mente ficava vaga, sem noção de tempo e espaço. Transportada para outro tempo e lugar ele não mais tinha noção do que ocorria ao seu redor, assim não ficava ciente da dança de Azazel e o estranho Daemon. Apesar do que a maioria pensaria, o maior fantasma de Mentor não era a morte de sua amada. Por mais que este momento tivesse sido traumatizante em sua vida, havia um que lhe assombrava ainda mais. Onde tudo começou, o momento em que teve a chance de eliminar seu maior inimigo, mas decidiu não fáze-lo.
Cabelos brancos como a morte, olhos castanhos, quase escarlates, que lembravam o sangue amanhecido, uma pele áspera, enrugada, com linhas antigas, se curvavam entre os olhos criando enormes precipícios de escuridão. Ele vira aquelas características tantas vezes, mas nunca se acostumara a elas, por mais que se passassem cem anos, ele nunca se acostumaria, o terror nos olhos daquele homem, o mal e a corrupção que assolavam seu coração, eram manifestas sem medo ou vergonha. Não havia feição que definisse o mal que se apoderara de seu pai, Gurien. Colocava a mão sobre a empunhadura da espada, mas Lyken temia por sacá-la, seu progenitor não dizia uma palavra, aquele instante ele provavelmente já conhecia suas intenções torpes, ou ao menos desconfiaria. Uma gota fina escorria pela tês do jovem Orsus, o elemento surpresa se esvaíra completamente, talvez apenas devesse... Com pisadas leves e descontraídas, ele ouvia passos de uma terceira pessoa, não se voltava para observá-la, não era necessário. O cheiro perfumado do individuo era inconfundível, faziam pouco menos de 20 anos que Lyken conhecera pela primeira vez seu irmão bastardo Trion Zyren, e nesse mesmo período jamais havia simpatizado com ele, "Um bastardo com ambições demais" ele costumava aferir. Diferente de seu irmão Orpheus que fora em seus dias entre os Orsus muito próximo do jovem Trion, cuidando dele como se da família fosse, mas ele não mais estava entre eles, infelizmente, sabia que seu irmão jamais aprovaria oque pretendia fazer, não "daquela" maneira. Seu irmão bastardo por outro lado, provavelmente se voltaria contra ele no mesmo instante em que tentasse atacar seu pai, "Um traidor nato", oque um ilegítimo poderia saber da doutrina de seu clã? Sempre fizera questão de mostrar isso a ele, assim como seu pai, que mesmo o alimentando, e garantindo sua educação, sempre o tratara mais como um refém, do que como seu próprio filho, pois, apesar de um bastardo dos Orsus, aquele rapaz, era o legítimo líder dos Zyren, e quando chegasse a hora Gurien teria planos para ele. Ele no entanto não compartilhava da visão de seu pai, se fosse bem sucedido, no mesmo instante faria questão de expulsar aquele espúrio, não antes de deformá-lo para sempre com suas próprias mãos. Indiscreto, e desatento, o jovem Trion parava ao lado de Lyken e lhe cumprimentava com um sorriso sínico, o tolo nem ao menos tinha idéia do que se passava ali, ou que deveria se passar, se ele tivesse a coragem de iniciar o embate. Não, não se tratava de coragem propriamente dita, era uma questão de tempo certo, atacar seu pai, em seu pleno repouso, em seu dominio conhecido, teria sido uma decisão estúpida e digna de pena. No entanto já faziam meses que Gurien não deixava a sala de seu trono, isso não impedindo-o de destruir o clã Orsus com suas novas medidas de retificação com os demais clãs. Seu irmão rompia o silêncio:
- Meu senhor - Trion jamais se referia a Gurien como "Pai", a única vez em que fizera aquilo tomara um forte chute em sua face dele, quebrando todos os seus ossos infantis, deixando-o a beira da morte - Os preparativos foram feitos, os representantes do Clã Sirannus estão a espera, Lorde Destructus pessoalmente veio tratar com o senhor a respeito das medidas reparatórias.
- Traga-os até mim Trion, mas antes.... leve-os por um passeio, longo, de preferência, tenho alguns, "assuntos" a tratar com Lyken, e não gostaria de ser interrompido tão abruptamente por esses porcos burguesistas do clã Sirannus. Quanto a meu irmão... Não sinto sua presença no castelo... na verdade não sinto a presença de nenhum dos representantes.
- Isso meu senhor deve dar-se pelo fato de que eles acabaram de chegar as mediações da fortaleza, ainda estão em sua caravana, os cristais transitoriais devem estar ativos, fui apenas informado por uma das aves do Apiário.
- Neste caso garanta que meu irmão não adentre nossa fortaleza, detestaria ter que olhar para as rugas daquela cobra velha. Afinal, a presença dele não foi "requisitada" - Gurien parecia focado em Lyken, a cada instante ele percebia suas chances se esvaindo mais rapidamente, "Maldito Trion! Se ele não estivesse presente tudo transcorreria bem!" - Você esta dispensado pelo resto do dia Trion, vá cuidar de seus afazeres, não tenho mais nenhuma utilidade para você, bastardo.
- Como desejar milorde, agora se me dá licença....
Com uma mesura completa, seu irmão se retirava, seus olhos eram complacentes como sempre, seu sorriso era sínico, se Lyken estivesse na situação do rapaz ele avançaria com suas mãos em sangue para eliminar seu pai, talvez não fosse bom o bastante, duvidava até mesmo da capacidade de combate do rapaz, o máximo que o vira fazer, fora realizar alguns selos intermediários, dignos de pena. As portas se fechavam com um solavanque. O silêncio que havia sido quebrado mais cedo se perpetuava mais uma vez. Gurien unia suas mãos ossudas em seu colo enquanto se prostrava para a frente observando com um olhar incisivo para ele.
- Oque o traz sem ser chamado até mim Lyken. Não me lembro de tê-lo convocado.
- É preciso de um motivo em especial para que um filho deseje visitar seu pai? - Aos poucos analisava suas opções, a sala do trono de seu pai era um lugar extremamente simples, uma única ponte de pedra cinzenta que levava até onde ele se sentava, sem ornamentos, fora uma mesa onde os servos depositavam todo tipo de refeições para seu amo, ao redor da ponte existia apenas um buraco, sem fundo, diziam muitos, já que aquilo jogado nele nunca achava seu caminho de volta, seu som atingindo o fim do precipicio, nunca era ouvido. Ele se aproximava da mesa de alimentos e retirava uma pequena uva do cacho - Oque há de tão errado nisso? Você anda ocupado, não tem me convocado mais aos seus conselhos de guerra, vim saber o porque, eu o desagradei?
- Não chamo você aos conselhos pois não HÁ, mais conselhos, a guerra está terminada, nós vencemos, Horian caiu, os Zyren, Corikian, e os clãs menores estão sobe o nosso jugo, a fraca resistência dos Juilaik esta sendo dizimada, os únicos que se opõem a minha visão de um mundo unificado são os Sirannus, mas por seus feitos na guerra eles mereceram uma posição de destaque na minha futura ordem mundial, irão dividir o poder conosco, e com o tempo devolveremos a soberania aos clãs, purificados.
- Dividir? Com aqueles porcos? Abrir mão do que conquistamos com o sangue do nosso povo? - Lyken não se importava em esconder mais sua ira, ele sacava com fúria sua espada e a pontava com uma mão para Gurien - Você não se lembra nada de Honra? Da glória no campo de batalha? Você que negociaria com esses Sirannus, que permitiram os Juilaik praticarem magia negra bem em baixo dos seus pés? Você é fraco! Nós somos o Clã Orsus, os Verdadeiros Feiticeiros! Nós morremos, ensanguentados e destroçados no campo de batalha, como verdadeiros feiticeiros DEVERIAM morrer! Não sentados atrás de uma mesa como esses legalistas! Você não é mais um Orsus, e fala por ninguém além de si mesmo, OUÇA AS VOZES DE SEU POVO, todos desaprovam suas medidas, você está arruinando a força de nosso ClÃ! VOCÊ TRAIU SEU POVO PARA CRIAR ESSAS FRÁGEIS ALIANÇAS! E eu terei grande prazer em destruí-las!
- Garoto tolo! - Os olhos de Gurien ardiam com um fogo ainda mais tenebroso - Não venha querer lecionar-me a respeito do MEU povo. Os Orsus são e sempre serão guardiões da verdade superior, não somos ditadores, não nascemos para oprimir e destruir. Você é jovem e inexperiente, eu falo pelos ancestrais, uma VONTADE MUITO MAIOR do que a de QUALQUER ORSUS VIVO!
- Você é o tolo Gurien. Se pensa que os ancestrais estão ao seu lado, olhe de novo!
Com um surto de poder Lyken abria os 10 Caminhos da Alma de uma só vez, a força de todos os Orsus fluia em torno dele, Gurien se espantava, sua conexão com os ancestrais havia sido cortada muitos anos antes, e agora se manifestavam em seu filho.
- EU SOU MENTOR, O SENHOR DOS ORSUS. EU FALO EM NOME DOS ANCESTRAIS, E VOCÊ! - Apontava para Gurien com a mão que não segurava a espada - TRAIU CADA PRINCÍPIO QUE O LIGAVA A SEU POVO E A SEU DESTINO. NÓS SOMOS OS ORSUS, NÃO SOMOS ESCRAVOS DE NINGUÉM! EU QUEIMAREI QUALQUER RESQUÍCIO DE FRAQUEZA DENTRO DE NÓS! QUANDO A MORTE CHEGAR, TODOS IRÃO SE LEVANTAR, ENQUANTO OS INIMIGOS SE AJOELHARÃO EM DERROTA!
Com um brado retumbante todos os candelabros da sala de apagavam, Mentor se lançava contra seu pai, a energia sagrada se misturava a força poderosa dos 10 caminhos, sua velocidade era aumentada exponencialmente e com um golpe tentava perfurar o coração de seu pai, a maioria dos feiticeiros, ele incluso, seria incapaz de esquivar-se daquele ataque, uma corrida pungente na direção do alvo, quase na velocidade da luz. Mas Mentor era pego de surpresa, ao se aproximar uma dura barreira protegia seu pai, "Manipulação de Energia".
- VOCÊ RENUNCIA AOS PODERES DO SEU PRÓPRIO POVO EM NOME DESSA MAGIA FRACA! DEIXE-ME MOSTRÁ-LO A VERDADEIRA FORÇA DE UM ORSUS!
- CRIANÇA PETULANTE! NÃO TOLERAREI SUA INSOLÊNCIA MAIS! Tudo oque você ama e conhece, sofrerá, por conta de seus sacrilégios! Você nunca será o senhor dos Orsus! O Ciclo ACABA AQUI!
Milhares de vozes vindas do vácuo das dimensões juntavam-se a dele, com força tentava romper a barreira, sem sucesso, mesmo assim se recusava a separar-se dela. Com um estampido, ele liberava energia sagrada envolvendo toda a defesa de Gurien, e com ela começava a pressioná-lo. Enquanto o fazia desferia golpes poderosos e incessantes contra o adversário, deixava-se ser levado pela ira e decepção. Seu próprio pai, a quem ele sempre admirara, traíra não apenas ele mas a todos que conhecera, agora pagaria o preço final pelos seus atos. Ou assim ele pensara, antes que pudesse dar o golpe final, sentia seu corpo todo parar, ele era erguido no ar imobilizado.
- Que decepção, um filho, fraco demais para usar meu poder mas que faria tudo por mim; Orpheus foi o primeiro a mostrar a falha da minha prógene; agora, outro de meus dois sucessores se mostra incapaz de atingir minhas expectativas, a força dos ancestrais é falha, e você se acha na posição de insultar as artes que eu tão habilmente desenvolvi com o passar dos anos. Morra Lyken, você é mais um insulto a mim, posso ter novos filhos a qualquer momento, sem as deficiências que a sua mãe incutiu em vocês.
Sentia como se a energia sagrada fosse arrancada de dentro dele, aos poucos seu vínculo com os ancestrais era cortado por Gurien, assim como sua capacidade de manipular o arcano, seu corpo era retorcido em posições impossíveis por seu pai, tornando sua dor ainda maior, além disso sua mente também era ferida. Deixava sua espada cair no vão escuro, seus diamantes sumiam aos poucos, para nunca mais serem vistos. Era o fim. Um sorriso, sínico, olhos, complacentes. Mentor e Gurien sentiam uma força poderosa crescer atrás do trono, algo ou alguém estava ali presente, de alguma maneira ele não havia sido sentido. Um imenso pilar de trovões crescia destruindo todo o domo da sala do trono, a voz de Trion era inconfundível, mas aquele poder, era desconhecido por ele. Gurien se preparava para virar-se para o bastardo mas antes que o fizesse Mentor forçava seu corpo contra ele, se libertasse-o para confrontar o bastardo teria seu fim pelas mãos de seu filho legítimo. O desespero tomava conta do rosto de seu pai, mas era Trion quem se manifestava:
- A criança sem nome cresceu para ser a mão, para te vigiar, para te proteger ou matar por necessidade, a escolha que ele faria ele poderia não compreender, seu sangue, um terrível segredo, ele teve que controlar. Me perdoe pelo sofrimento, por deixá-lo no medo. Pelos sonhos que terá que silenciar, que é tudo o que eles sempre serão. Ainda serei a mão que servirá você. Apesar de que você nunca verá que sou eu. Técnica Secreta do Clã Zyren. - Trion estendia sua espada, Mentor a reconhecia, Bararaq, o Relâmpago Brilhante; a arma principal dos líderes do clã Zyren, forjada por Baal Zyren em pessoa; uma força tão poderosa que seu uso pelos líderes do clã era restrito apenas a situações desesperadoras. Mentor sabia que Gurien preferiria deter o bastardo, ele não daria-o esta chance, por mais que ele pudesse ser o alvo deste iria levar seu pai consigo. Com o restante de suas forças que não haviam sido bloqueadas, ele prendia a mente de Gurien contra a dele, o impedindo de libertá-lo do enclausuramento - Trovão Impiedoso da Extinção!
Fazendo um corte no ar, o bastardo fazia com que toda a eletricidade que condensara nas nuvens acima caísse como uma espada gigantesca, os trovões destruiam a barreira de Gurien perfurando seu corpo em várias partes distintas, e o jogando contra seu trono, o destruindo. Mentor por sua vez não era atingido, ele era capaz de reconhecer a manipulação de energia que seu pai utilizava no ataque. Então não apenas o bastardo herdara a aparência de seu pai, como também as habilidades hereges dele. Por alguma razão aquilo lhe parecia extremamente conveniente. Ele olhava para seu irmão esperando vê-lo ter alguma reação, mas o mesmo nada dizia.
- Se afaste bastardo, ele é meu.
- Sem sombra de dúvidas irmão. Eu só quero oque me é devido.
- E oque seria?
- O Clã Zyren, não é óbvio? Livre do jugo da injustiça... e sobe meu dominio.
- Ele é seu, pelos nobres serviços prestados por você ao clã Orsus eu o liberto de seus deveres a nós, e lhe indico como o próximo líder dos Zyren. Não mais eles serão nossos vassalos. No entanto sua lealdade é devida a nós, você entende?
- Sim. Serei eternamente grato, Lord Mentor - Os olhos de Trion estavam repletos de satisfação, por um instante, Mentor, desejou matá-lo, cerrou seu punho e desejou arrancar sua cabeça fora, ele conseguiria se desejasse, mas não. Sentia que Trion ainda tinha uma missão a cumprir, para o bem ou para o mal.
- E quanto aos emissários dos Sirannus? E Destructus?
- Destructus nunca veio junto da caravana, eu menti para que Gurien se focasse mais no tratado do que em mim, escondi minha presença e ocultei-me no salão antes que pudesse perceber. Já os emissários.... Eles não vão mais precisar disto. - Trion jogava no vão escuro cerca de dez cinturões de ouros, os olhos de Mentor se arregalavam, aqueles eram os medalhões dourados dos 10 Principes Mercantes, os maiores líderes do clã Sirannus apenas abaixo do próprio Destructus. Trion matara todos - Você mesmo disse que ficaria feliz em erradicar as alianças de seu pai, não é mesmo? Resolvi ajudá-lo com isso.
- Vá antes que eu mude de idéia, você já fez o bastante - Trion caminhava para fora do salão sem dizer mais nada, mas algo que lhe dissera soara curioso - Ele é seu pai também.
- Eu não tenho família, nunca tive.
Ele não discutiria com aquilo. Era hora do acerto de contas. A rocha cinzenta se espatifara totalmente, toda a estrutura do grande salão estava comprometida, o sangue do antigo líder dos Orsus estava espalhado por todo o canto. E na beira do precipício Gurien se encontrava prostrado, traído pela sua própria criação, aquele que um dia pensara em usar seu filho bastardo como uma arma de controle, acabara de ser destroçado pelo mesmo. Mas nada daquilo seria possível para Trion se Mentor não tivesse facilitado suas ações colocando sua própria vida em risco, e enfraquecendo a conhecida "defesa suprema" de Gurien com o poder dos ancestrais. Ele era o verdadeiro arquiteto da queda de seu pai. O velho tossia fraco mal conseguindo respirar, o sangue jorrava das cavidades em seu corpo.
- Tolo! Você acaba de garantir.... a desgraça deste mundo.... Você não pode sequer... começar a imaginar... o que você.... colocou em movimento.... neste dia... me matar... irá apenas....
- Somos os verdadeiros Orsus Gurien. Matá-lo apenas iria dar-lhe a chance de voltar a vida um dia. Você será relegado ao esquecimento. Eternamente - Mentor erguia seu pai com as duas mãos olhando para a grande escuridão abaixo, Gurien parecia tentar se debater e dizer algo para impedi-lo, batendo com suas mãos fracas em seu rosto, sem efeito. Ele logo o arremessava no vazio, ouvindo apenas o farfalhar do grito oco de sua vítima. O sol irrompia acima, irradiando tempos diferentes. Os lacaios de seu clã se aproximavam observando a cena, eles entendiam oque ocorrera ali. Um novo Orsus, um novo líder, uma nova era de GLÓRIA.
"Eu devera superar isso. Eu deveria parar de sentir aquilo." E assim eu cobri meu coração arranhado. "Eu não me importo se eu estou magoado, pois não sinto mais dor". Tudo isso enquanto mancava, arrastando os pés atras de você. Perdi de vista a mim mesmo, sendo rompido barulhentamente no chão, mas então percebi que era só o som do vento. Vim aqui lhe dizer algo... seguindo minhas cicatrizes profundas... Antes de eu ser completamente esmagado por este vasto mundo. Você se lembra dele? Daquele céu de lágrimas? Aquela dor protegeu você de mim....
Ele esteve divido entre sua honra e o verdadeiro amor de sua vida. Ele orou por ambos, mas foi negado. Muitos sonhos foram despedaçados e muito foi sacrificado. Foi digno ter que deixar para trás os únicos que amamos? Muitos anos passaram, quem é o nobre e o sábio? Todos os nossos pecados serão justificados?
Daemon sentia como se algo segurasse sua garganta, como se as mãos de mentor se envolvessem em torno de seu pescoço, elas eram firmes, mas o homem ainda parecia inerte, envolto nos sonhos em que havia sido colocado. Aos poucos abria seus olhos, e podia ver o homem ameaçando Azazel. Franzia seu cenho, ele não necessitava do elemento Holy para combater, naquele exato momento lançava sua mente contra a de Daemon e o fazia sentir como se Mentor estivesse em todos os lugares¹, não era uma simples habilidade, ele estava acostumado com selos inibidores e outras técnicas que tentassem debilitá-lo, no entanto o oponente novo não era nem de perto tão brilhante quanto seu pai fora, ou quanto qualquer um dos grandes seladores que um dia confrontara. Ele sacava sua espada. Aproveitando-se da confusão mental imposta ao inimigo, um jogo que ele também sabia jogar, criada através do mesmo vínculo psiquico que Daemon submetera a ele, Mentor se aproximava, realizando um corte lateral e abrindo a barriga do adversário. Ainda utilizando do vínculo psiquico, desativava o selo, e impedia sua reutilização², sabia que não era o bastante para derrotar alguem com tanta pompa mas se mantinha alerta³ com sua lâmina em mãos, mostraria ao tolo que bloqueava seu caminho que ele não apenas era habilmente versado nas artes do arcano como também o era nas artes da batalha.
¹MEA: Imposição Mental
²Necromancia: Animus Vinclum(Vínculo de Mente) - A Ponte de Animus
³Holy Presence